No mês de dezembro, há muitos almoços e jantares de Natal, ora com familiares, ora com amigos, ora com colegas de trabalho. Depois vem a Consoada e o dia de Natal, com a família reunida à volta da mesa durante horas e com mesas compostas.

Bacalhau, peru, polvo, rabanadas, filhoses, aletria, couves, tronco de Natal. São inúmeros os alimentos e pratos tradicionais consumidos nesta época do ano.

Gabriela Ribeiro, professora na Nova Medical School e nutricionista no Hospital CUF Descobertas, defende que, tal como nos outros dias do ano, a alimentação na véspera e no dia de Natal deve ser “equilibrada”.

Como? Por exemplo, com um pequeno-almoço adequado, que garanta saciedade ao longo do dia, e começando a ceia com uma sopa de hortícolas com leguminosas.

Mas que alimentos desta época têm especiais benefícios para a saúde? Em declarações ao Viral, duas nutricionistas apontam as vantagens de cinco alimentos consumidos nesta altura do ano.

Bacalhau

Gabriela Ribeiro explica que o bacalhau é um peixe com “baixo teor de gordura” e é “rico em  proteína de alto valor biológico, com quantidades significativas de vitamina D, fósforo, potássio e magnésio”.

Além disso, é “rico” em selénio, um micronutriente que contribui para a proteção das células contra agressões, especifica.

Tal como indica a a Direção-Geral da Saúde (DGS), o bacalhau fornece uma “elevada quantidade de proteína de grande qualidade”.

A nutricionista consultada pelo Viral sublinha, contudo que é importante ter em conta que este peixe tem “quantidades elevadas de sal”, mesmo depois de demolhado, o que significa que a adição de sal na confeção é “desnecessária”.

Couve Portuguesa

Há vários tipos de couve. A couve portuguesa, que é uma das mais comuns na ceia de Natal, tem um “baixo valor energético” e é uma “fonte de fibra alimentar e de vitaminas”, sobretudo a A e a C, refere a professora na Nova Medical School.

A couve portuguesa é ainda rica em “carotenoides e fonte de minerais”, como o potássio, o cálcio e o fósforo.

Já Helena Trigueiro, nutricionista e investigadora na Ulster University, salienta a “quantidade bonita de ferro” e o “bem que faz” a couve portuguesa.

Uma porção de couve portuguesa cozida fornece a “totalidade da vitamina C necessária por dia”, informa a DGS num vídeo.

Grão-de-bico

O grão-de-bico é um dos alimentos identificados pela nutricionista Gabriela Ribeiro como benéfico para a saúde. 

A professora universitária explica que este grão tem um “baixo valor energético”, isto é, cerca de 164 kcal por 100g, e um “elevado teor de fibra” (8g por cada 100g).

De acordo com a DGS, devido aos “elevados valores de proteína, fibra e hidratos de carbono de absorção lenta”, o grão-de-bico é importante para o “controlo do apetite”.

A fibra, acrescenta a nutricionista da CUF Descobertas, é importante para o funcionamento intestinal, para a redução dos níveis plasmáticos de colesterol e na modulação dos níveis de açúcar no sangue.

Este alimento tem ainda um “grande valor vitamínico e mineral” e um “valor elevado de proteína vegetal”, aponta.

Polvo

O polvo, frequentemente consumido na ceia de Natal, é uma “boa fonte de proteínas” e tem um “baixo valor” calórico, explica a professora na Nova Medical School.

As suas gorduras são, maioritariamente, polinsaturadas, incluindo os ácidos gordos ômega 3, refere Gabriela Ribeiro, acrescentando que o polvo contém ainda vitaminas do complexo B e minerais como potássio, magnésio e fósforo.

Contudo, a nutricionista salienta que, devido ao “tempo de vida útil curto” do polvo, se for mal conservado, pode levar a intoxicações alimentares.

“Só deve ser comido quando se encontra bem fresco”, afirma.

Amêndoa

A amêndoa, que pode ser consumida como aperitivo, por exemplo, na ceia de Natal, é um alimento identificado por Gabriela Ribeiro como benéfico para a saúde.

As amêndoas com pele são “muito ricas” em fibra alimentar e têm “quantidades significativas” de ácidos gordos polinsaturados, que são “protetores na doença cardiovascular”, aponta.

A vitamina E, presente nas amêndoas, é também apontada como um benefício, pela sua “potente” ação antioxidante. Esta oleaginosa tem ainda minerais em “quantidades apreciáveis”, como magnésio, ferro, cálcio e fósforo. 

No entanto, a nutricionista no Hospital CUF Descobertas alerta que, apesar dos benefícios, o consumo de amêndoas “não deve ser exagerado”, uma vez que estas têm um valor calórico moderado. São 643 kcal/100g, informa a Associação Portuguesa de Nutrição, num documento informativo.

As amêndoas fazem parte do grupo dos frutos oleaginosos. Apesar de não ser incluído no grupo da fruta da Roda dos Alimentos, também tem lugar numa alimentação saudável, indica a mesma associação. As amêndoas com pele têm mais “vantagens nutricionais” que as peladas.

As oleaginosas são também indicadas pela nutricionista Helena Trigueiro, Investigadora na Ulster University, pela “riqueza em ácidos polinsaturados” e os valores de micronutrientes.

Olhar para o Natal com “alguma serenidade” alimentar

Helena Trigueiro reconhece que é importante que sejam valorizados alimentos “com maior interesse nutricional do ponto de vista dos micronutrientes”. No entanto, alerta que a visão do “tudo ou não” pode levar a que se “demonize certos alimentos”.

“É importante olharmos para o Natal com equilíbrio e alguma serenidade alimentar. É uma altura em que se associa muito ao peso, seja a ganho ou a perda. Isso acaba por ser danoso, porque cria muita carga num momento de festa, de família e de celebração”, afirma. 

Para a investigadora, deve-se dar valor “à partilha e a refeições em família”, com alimentos “que nos fazem felizes”.

Na mesma linha, a nutricionista Gabriela Ribeiro lembra que é “muito positivo” dedicar tempo à confeção de alimentos e à partilha de refeições com amigos e família, numa altura do ano em que é possível a “convivialidade” entre gerações.